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Vozes

  • Foto do escritor: S. Terra de Azevedo
    S. Terra de Azevedo
  • 5 de jun. de 2020
  • 2 min de leitura

Vozes que celebram

Certa vez eu fui ao conservatório de música onde meu pai estudava. Lembro-me que fiquei em pé na sala adaptada para aulas de piano. Éramos um grupo pequeno de espectadores. Em determinado momento o anfitrião deu boa noite, agradeceu nossa presença e apresentou os artistas: um pianista e uma cantora lírica, convidada especial naquela noite. Não havia microfones, amplificação nem qualquer outro equipamento de som. Apenas o pianista no piano e a cantora em pé ao seu lado. O pianista começou a tocar. A música preencheu agradavelmente o espaço, até que a cantora iniciou sua participação. A voz daquela soprano franzina, que cantava sem aparentar esforço, dominou todo o ambiente. Confesso que fiquei arrepiado, surpreendido com a potência naquele canto tão inesperado. Foi um privilégio presenciar um espetáculo tão belo.

Muitos anos depois, já em Recife, sob o edifício Califórnia havia um bar minúsculo que servia bons frutos do mar. Estive nesse local algumas vezes. Ele não devia ter mais do que dez mesas. Lembro-me que certa vez estávamos nós e um pequeno grupo de boêmios: um sujeito com violão, uma dama e um cavalheiro de chapéu branco. Bebíamos nossa cervejinha quando o violonista iniciou uns acordes e o cavalheiro iniciou a cantoria. O ambiente foi preenchido com sua voz potente, à Nelson Gonçalves. Música de gente das antigas, alguns dirão, mas capaz de elevar nossos espíritos já tocados pela cerveja.

Mas a música não vive apenas de vozes exuberantes. Um contraste é Fernanda Takai, que surpreende com a versatilidade que alcança com sua voz suave. Ela canta e dá conta do recado, passando uma delicadeza quase palpável, mesmo em baladas que se aproximam do rock.

Vozes que protestam

Não posso encerrar essa crônica sem mencionar os protestos contra o assassinato de George Floyd. O racismo é uma chaga viva na sociedade norte-americana, o que é lamentável. Mais lamentável ainda é o fato dele também estar tão presente na sociedade brasileira, exprimindo-se de forma diferente, mas resultando em tanta violência e discriminação.

Encerro esta crônica com uma homenagem a Maria D'Apparecida, cantora lírica brasileira que, devido ao racismo, foi obrigada a construir uma carreira internacional, vencendo seus traumas e conquistando o mundo lírico europeu. 

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Fonte de consulta para cantoras líricas

S.T.Azevedo

 
 
 

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