Esperando algo,
Esperando alguém.
Até quando?
Para quê?
E esse tempo que não volta,
Este tempo que não para,
Que segue o seu ritmo implacável.
Nosso herói viveu um grande momento.
Sua imagem percorreu o mundo,
servindo aos mais diversos propósitos.
E vibramos com seu feito,
Incrédulos com o que vimos.
Mas o tempo não para,
Outro momento se apresentou.
E este foi de espera.
Uma espera serena e, ao mesmo tempo, angustiada.
A espera de algo que não veio.
Foto: Jerome BROUILLET / AFP
Sua espera fazia sentido. Não era como aqueles que esperavam Godot*.
Nosso herói teve tempo.
Tempo para lidar com sua frustração.
Nesse tempo que não para.
E outro momento se apresentou,
Desta vez mais generoso.
Nosso herói, ferido e frustrado, o aproveitou.
O tempo não para e nem sempre novas oportunidades se apresentam. Estará o nosso herói, mesmo que sereno, mesmo que angustiado, preparado para novos momentos?
Há quem diga que é preciso agir. Houve quem dissesse que esperar não é saber**.
Compreendo. Concordo em parte. Nosso herói esperou, pois era o que cabia naquela hora. Já tinha agido. Por isso estava lá, preparado para esperar os 17 longos minutos. E havia um limite.
O que dizer das esperas por Godot?
Um grande dia para todos e todas nós, cada um e cada uma a seu modo de viver, agir e esperar.
S T Azevedo
Notas:
* Vi Paulo Autran esperando Godot. A peça teatral escrita por Samuel Beckett é um texto famoso do teatro do absurdo. Esperei junto com Paulo e sua plateia um Godot que não apareceu. Voltamos para casa refletindo sobre o sentido da vida.
** Tomei emprestado, de “Pra não dizer que não falei das flores”, de Geraldo Vandré, a afirmação de que esperar não é saber.
Referências:
Sobre Esperando Godot, na Wikipédia: En attendant Godot – Wikipédia, a enciclopédia livre (wikipedia.org)
Excelente!!!
Invadida por nostalgia. Ainda me veio a lembrança das lotações esgotadas, e aí nós acomodávamos nos corredores alcatifados, central e laterais.