Volto ao livro “O segredo da Dinamarca”, escrito por Helen Russell, uma inglesa que viveu por um tempo na terra do Lego, desta vez para contar uma história sobre símbolos. Certa vez ela e o marido receberam a visita de um amigo da Suíça. Em sua homenagem hastearam uma bandeira da Suíça no mastro que há em frente às casas da Dinamarca, antes de irem busca-lo no aeroporto.
Qual não foi a surpresa deles quando, ao voltarem para casa, foram recebidos por vários vizinhos com cara de poucos amigos.
Não era permitido hastear bandeiras de outro país como eles fizeram.
Aliás, mesmo o hasteamento da bandeira da Dinamarca deve ser feito segundo critérios bem definidos. De presente receberam uma folha plastificada com as regras. Esclarecido o mal entendido, a bandeira da Suíça foi recolhida.
Helen explora essa questão do rigor das regras e observa que as bandeiras do Reino Unido são usadas em propagandas e associadas a diversos tipos de produtos. No fim das contas, até que o cuidado com o símbolo nacional tem sua razão de ser.
Aqui no Brasil eu estive presente num evento virtual onde um dos participantes usava uma camisa da seleção brasileira. O fato não teve nenhuma repercussão, exceto a preocupação dele de, mais tarde, comentar com os colegas que ele estava usando a camisa da seleção porque era apaixonado por futebol. Sua atitude não tinha nenhuma conotação política.
Para mim esse episódio reforçou a importância que devemos ter com o uso e a apropriação de símbolos. Não me parece razoável que grupos, sejam eles quais forem, se apropriem de símbolos nacionais que representam a todos. Assim, ao menos nosso colega que veste a camisa da seleção brasileira não precisaria ficar se justificando quanto a suas posições políticas.
Para concluir, ilustro esse texto com uma pequena amostra de camisas da coleção de um meninão apaixonado por futebol, capaz de criar um uniforme misturando Palmeiras e Santos e sair feliz da vida para bater uma bola.
S.T.Azevedo
Fotos: acervo pessoal.
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