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Sob o Sol de Mercúrio

  • Foto do escritor: S. Terra de Azevedo
    S. Terra de Azevedo
  • 27 de out.
  • 2 min de leitura

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Neste momento, Atlas está atrás do Sol. De comportamento considerado inexplicável por cientistas, o cometa, quando reaparecer, talvez responda a algumas perguntas — enquanto várias outras surgirão. Estamos em outubro de 2025.


Em 1972, em pleno tempo de Guerra Fria, Arthur C. Clarke publicou um magnífico livro de ficção científica: Encontro com Rama. A história se passa no longínquo ano de 2130 e narra o contato da humanidade com algo além da compreensão.


Diferentemente da aparição de Atlas, que nos encontra divididos por conflitos internos dos mais diversos, Rama surge, na ficção, em um contexto histórico distinto. Depois de uma catástrofe de causas naturais que transforma nosso lugar no universo, a humanidade se une e volta sua atenção para possíveis ameaças externas.


Com a redução dos conflitos terrestres, a civilização evolui a ponto de colonizar Marte e Mercúrio. Nesse estágio avançado, aproveita seus conhecimentos para tentar compreender o que é — ou quem é — Rama.


Em uma passagem curiosa do livro, Clarke cita que a psicologia é uma profissão inexistente em Mercúrio. Dadas as condições ambientais extremas e hostis, os mercurianos não tinham escolha: ou eram resilientes e possuidores de extraordinária força mental, ou não sobreviviam. Não havia espaço para questionamentos sobre o sentido da vida nem para reflexões acerca da saúde mental.


Não sei se concordo com essa hipótese. A vida não se resume a resistir ou adaptar-se. Necessitamos do encontro — das relações — no mundo, aqui e agora. O que nos sustenta não é a dureza, mas a possibilidade de contato.


A autossuficiência é uma ideia que nos distancia das relações. Penso que melhor seria sermos mais interdependentes do que independentes. Quando deixamos as relações em segundo plano, a figura da força pode se transformar em isolamento.


Talvez por isso psicólogas e psicólogos continuem necessários, mesmo sob o Sol intenso de Mercúrio — não para ensinar resiliência, mas para ajudar a restaurar o diálogo interrompido entre as pessoas em seu meio.


Por ora, seguimos na Terra, onde ainda aprendemos — passo a passo — a nos ajustar, com presença e criatividade, ao que a vida nos propõe.


Seria o momento de antecipar as férias? Eu não chegaria a tanto. Mas aproveito para indicar Encontro com Rama. Leitura imperdível!


S. T. Azevedo


Nota


Para saber um pouco mais sobre Atlas, há notícias recentes sobre o tema.

Exemplo: 3I/ATLAS: Nasa ativa protocolo de defesa planetária por cometa com trajetória incomum.


Créditos

Foto de Felix Mittermeier no Pexels


 
 
 

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4 comentários

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Luiz Claudio Castro
Luiz Claudio Castro
29 de out.
Avaliado com 5 de 5 estrelas.

Belas reflexões, Sérgio!

Dois momentos muito especiais na leitura da sua crônica: “O que nos sustenta não é a dureza, mas a possibilidade de contato” e “ Talvez por isso psicólogas e psicólogos continuem necessários, mesmo sob o Sol intenso de Mercúrio — não para ensinar resiliência, mas para ajudar a restaurar o diálogo interrompido entre as pessoas em seu meio.“

Precisamos praticar isso no nosso dia a dia, construir contatos reais, respeitosos, virtuosos e agregadores… precisamos dialogar!

Parabéns!

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S. Terra de Azevedo
S. Terra de Azevedo
04 de nov.
Respondendo a

Obrigado por seus comentários, Luiz!

Misturei uma dose de ficção científica com conceitos da Gestalt-Terapia, tentando manter o texto leve e, ao mesmo tempo, provocando reflexões.

Um abraço!

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Graziela Luna
Graziela Luna
27 de out.

Perfeito!!!!

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S. Terra de Azevedo
S. Terra de Azevedo
27 de out.
Respondendo a

Muito obrigado, Graziela!

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