É hora do café da manhã. As aulas estão no fim e a disposição já acabou a tempos.
Busco animar as crianças e puxo o assunto do que foi, para eles, o que de melhor aconteceu em 2020.
A resposta está na ponta da língua: o passeio ao Salinas, em Maragogi, junto com a turma da escola.
E do que vocês mais gostaram?
Da sobremesa!
Da sobremesa?
Sim, pai. Se você estivesse lá ia comer até não aguentar mais.
E que sobremesa era essa?
Era um doce meio gelado. Parecia um sanduíche de biscoito com chocolate e sorvete.
Devia estar bom mesmo. Mas não teve nada melhor que isso no passeio?
Enquanto o sono ia se dissipando, surge uma segunda resposta:
Não ter pai e mãe por perto dizendo o que a gente pode e o que não pode fazer.
Por que isso é bom?
Nós podíamos chupar quantos picolés nós quiséssemos.
Eu não entendi bem. Vocês vão para um hotel “massa” com a turma, cheio de opções de lazer, e as melhores lembranças são essas?
Nós estávamos livres, papai!
Outros destaques foram sendo trazidos à memória. A conversa ficou animada. E eu fiquei pensando nessa tal sensação de liberdade.
Perspectivas 202x
Conversei com os meus filhos sobre uma perspectiva de futuro. Trouxe para eles a possibilidade deles não precisarem aprender a dirigir, pois os carros serão pilotados for computador, ou robô.
Meu filho gostou da ideia, mas minha filha ficou indignada.
De jeito nenhum! Eu vou ter um carro velho que eu possa dirigir.
Lembrei-me da angústia que eu senti quando, na adolescência, achava que a gasolina ia acabar e eu não teria carros para dirigir.
O tempo passou e a gasolina não acabou. Hoje as perspectivas e as promessas para o futuro são outras, mas achei curioso comparar a expectativa de um menino, no final da década de 70, com a de uma menina do século 21.
S.T.Azevedo
Crédito: Foto de Callum Hilton no Pexels
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