Eu comecei a frequentar estádios de futebol num tempo em que não havia separação de torcidas. Lembro-me de um jogo em que estava na arquibancada do Morumbi, como palmeirense, junto a são-paulinos. Nesse jogo Ademir da Guia, o divino, fez um gol que encaminharia o título daquele ano para o Palmeiras.
O tempo passa
O saudoso Fiori Gigliotti eternizou o bordão "O tempo passa!!!". Pois bem, uso o bordão em outro contexto para chegar ao tempo da separação das torcidas. É desta época outro momento memorável: uma partida entre Palmeiras e Corinthians, no Morumbi, semifinal do campeonato paulista. No estádio lotado o Palmeiras precisava vencer para levar o jogo para a prorrogação. A torcida palmeirense estava apreensiva e tensa. A confiança estava do lado do Corinthians, que segurou o placar até os 43 minutos do segundo tempo, quando Mirandinha, na base do sufoco, colocou a bola nas redes.
A confiança muda de lado
O gol de Mirandinha provocou uma explosão de alegria do lado palmeirense, iniciando uma festa difícil de esquecer. O jogo acabou, veio o intervalo para a prorrogação. Um verdadeiro carnaval acontecia no lado verde da arquibancada. A confiança tinha mudado de lado.
A prorrogação começou e era a vez do Corinthians buscar a vitória. O time precisava se expor para tentar o gol. Num contra ataque fatal Mirandinha voltou a marcar, sacramentando a vitória. Ainda sairia um gol olímpico de Éder Aleixo, nosso ponta esquerda que fez sucesso no time de Telê Santana na copa de 82.
Salto no tempo
Salto para 2018. O cenário agora é a Ilha do Retiro, em Recife. Estou com o meu amigo Diderot e com o meu filho Pedro. É o momento da entrada dos times em campo. Chega a hora do grito de guerra da torcida do Sport. O estádio não está cheio, mas o efeito sonoro é impressionante.
Tenho certeza que este momento ficará guardado na memória do menino que, aos 9 anos, tal como o pai, desenvolve sua paixão pelo futebol.
S.T.Azevedo
Referências:
São Paulo 0 x 1 Palmeiras (15/08/1976) - Paulistão 1976 (fase final)
Palmeiras 3 x 0 Corinthians (27/08/1986) - 92.982 pagantes.
Tempos bons aqueles, Serjão. Naquela época, o futebol ainda era um esporte popular, no sentido da presença maciça do povão nos estádios. E os craques brasileiros ainda jogavam no Brasil, o que tornava os campeonatos nacionais e estaduais de alto nível.
Uma das coisas boas que o espetáculo também perdeu foram as grandes bandeiras, que enriqueciam o visual durante a entrada dos times e os gols.
Mirandinha foi também ídolo aqui no Náutico. Acho que o glorioso Verdão o levou depois dos 3x0 que o timbu aplicou no Brasileiro de 1983, ainda com Luis Pereira e tudo na zaga. Foi eleito o gol do Fantástico (lembra?) do ano de 83.
Mais lembranças de Mirandinha aqui: https://youtu.be/X6RRdmIC4PI
Parabéns pela crônica!
Um…