Sábado, final de tarde. Minha filha já tomou o seu banho e aguarda o jantar. Ela está esgotada sobre a cama. Seu dia tinha sido repleto, mas o consumo de energia estava cobrando o seu preço.
Puxei conversa.
- Filha, como foi seu dia? - <silêncio>.
Não me dei por vencido. Comecei a relatar o que me lembrava do que ela tinha experimentado:
- Hoje teve banho de piscina, não foi? - <discreto balançar da cabeça>
Continuei. - A aula de português foi cancelada... - Teve churrasco... - A picanha estava uma delícia... - Você comeu brigadeiros de sobremesa... - A piscina era exclusiva dos amigos e amigas... - A Tetê (cachorrinha) estava lá para brincar com vocês...
Cada item que eu falava era captado, pois eu observava um ligeiro movimento na cabeça ou nos olhos.
Aí eu arrisquei.
- Esse deve ter sido um dos melhores dias da sua vida!
A resposta veio após alguns segundos de reflexão:
- Eu queria andar à cavalo...
Corte para outra cena
Entro na cozinha e vejo a mesa repleta de crianças. Meu filho já está devorando o seu cuscuz com requeijão. Seu amigo está traçando uma tapioca e sua irmã está se deliciando com um omelete. Eu os cumprimento e, ainda empolgado com o diálogo com a minha filha, pergunto.
- Davi, como foi o seu dia?
- Bom...
- Eu soube que vocês tomaram banho de piscina, comeram churrasco, brincaram com seus jogos preferidos, comeram brigadeiros. Muito bom, não?
- A água da piscina estava fria...
Destino
A ciência vê o ser humano como um ser autônomo que não tem um destino pronto e que é capaz de construir o seu futuro. Ter um destino pré-definido é um conceito associado com práticas místicas ou até mesmo com a ideia de que algum ente externo - um Deus ou uma Divindade - determina o nosso caminho.
Não sei. Mesmo sendo um ser autônomo capaz de construir o seu futuro, talvez seja o destino do ser humano viver uma permanente insatisfação. E, quem sabe, este não seja o motor que mais nos impulsiona para novas conquistas?
S.T.Azevedo
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