O Seu Jojoca, meu avô materno, completamente cego, esperava as férias dos netos para recebê-los em sua casa. Usando o radinho de pilha para se informar, preparava adivinhações e charadas para desafiar quem fosse conversar com ele. E ele dizia:
“Tudo se espera, tudo chega e tudo passa”.
Dona Ruth, minha avó, era os olhos do marido. Resolvia tudo, mas era o Seu Jojoca que controlava as finanças. Estávamos nos tempos do patriarcado e do rígido controle financeiro.
A vovó vivia impressionada com as notícias da televisão, sempre muito ruins. Quando saíamos de casa para algum passeio, ela dizia aflita: “Cuidado! Vocês não estão em São Paulo!”.
Aliás, mesmo que o radinho do Seu Jojoca funcionasse hoje, ainda assim não saberíamos a causa do vazamento de óleo. Estranho, não?
Mas voltemos.
As visitas duravam poucos dias. Recomeçava, então, um novo período de espera que envolvia preparação e gerava expectativas.
Neste ciclo de vida observa-se que a “espera” por uma ocasião é muito importante. Que saibamos vivê-la plenamente.
As inesquecíveis festas de final de ano chegaram e passaram. Um novo ciclo se inicia.
S.T.Azevedo
Créditos: Foto de Helena Jankovičová Kováčová no Pexels
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