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S.T.Azevedo

Caminhos


Eu pensei em escrever um texto sobre futebol, mas imaginei que iria espantar uma parcela significativa da audiência. Resolvi, portanto, escrever sobre gestão de pessoas, não sem um certo receio de espantar outros. Mas vamos lá.


Gestão de pessoas - Uma experiência prática.

Abel Ferreira é o nome do gestor de pessoas. Nessa experiência prática o seu papel é o de técnico de futebol.


Desconhecido no Brasil, sem troféus no currículo, o português chegou ao Palmeiras em novembro de 2020 para assumir o comando de um time questionado, composto por um grupo de jogadores dentre os melhores do país, mas incapaz de chegar perto de desenvolver todo o seu potencial.

Logo chamou a atenção por seus posicionamentos em entrevistas, muito distantes das mesmices do ambiente do futebol. Procurou falar sempre de forma clara e dar respostas com substância para questões superficiais colocadas pelos entrevistadores.

Das qualidades de um bom gestor, escolho duas para explorar.



Humildade

Abel demonstrou humildade, sempre valorizando seus auxiliares, o grupo de atletas e todas as pessoas que trabalham no clube. O pronome "Eu" foi pouco utilizado. Quando o usava, geralmente era em ocasiões em que ele assumia erros ocorridos numa partida realizada. No mais, o pronome utilizado era o "Nós".

Não trouxe soluções mágicas. Ao contrário, elogiou a estrutura encontrada e o trabalho de quem o antecedeu.


Valorização do indivíduo

Sempre que acontecia algo com um atleta, Abel transformava o problema numa oportunidade para valorizar as qualidades do comandado, além de compartilhar a responsabilidade na busca de uma solução. Em pouco tempo conquistou a confiança do grupo. Atletas questionados ou que eram tidos como descartáveis foram se recuperando. O futebol começou a aparecer a olhos vistos.


Resultados

A confiança, a alegria e a motivação retornaram. Em quatro meses o grupo conquistou dois títulos importantes. Tropeços aconteceram, mas o resultado foi muito além do esperado.


O que vem por aí

O tempo é muito curto para prevermos se o trabalho no clube renderá outros frutos. Abel, de qualquer forma, já garantiu presença na história do Palmeiras e deu uma balançada na forma de se lidar com o futebol.


Vivemos em tempos de pandemia. Nesse cenário um aspecto merece ser analisado com atenção: a crise financeira obrigou diversos clubes a lançarem jogadores inexperientes vindo das bases. No futebol brasileiro surgiram grandes valores. Penso que os clubes com uma boa estrutura na formação de atletas se beneficiaram da ausência de torcida nos estádios, pois os meninos tiveram a possibilidade de errar sem serem massacrados por vaias e pressões das mais diversas. Quem usou esse período para lançar os jovens, mesmo sem fazer isso de forma planejada, colheram bons resultados.


Precisamos superar a pandemia com responsabilidade e atitude, sem mesquinharias e hipocrisia. Só depois as torcidas poderão voltar aos estádios. Quero estar lá com o meu amigo Diderot e o meu filho Pedro, sentindo a vibração que só quem esteve numa arquibancada lotada pode descrever. Espero que nesse novo tempo saibamos dar o tempo necessário para que nossos jovens amadureçam, cometendo erros e acertos, sem serem tão questionados e cobrados.


S.T.Azevedo


Créditos:

Foto de Abel Ferreira extraída da Internet.




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